Não vamos calar frente as injustiças e lutaremos até que tenhamos JUSTIÇA NESTA TERRA. A união e participação de todos é vital nesta luta.

domingo, fevereiro 06, 2011

Falta de medicamentos afeta postos de saúde

Publicação: 29 de Outubro de 2010
Falta medicamentos nos postos de saúde, policlínicas e ambulatórios da rede municipal de saúde. Cinco meses após uma série de matérias sobre a situação do abastecimento farmacêutico na cidade, a TRIBUNA DO NORTE visitou algumas unidades de saúde e constatou que pouca coisa havia mudado. Os medicamentos mais ausentes das farmácias públicas são alguns dos mais importantes, como aqueles que combatem diabetes, hipertensão, asma e remédios controlados para tratamento psiquiátrico. As unidades estão repletas de pessoas reclamando do desabastecimento.
Maria Aparecida Pontes, de 55 anos, é um delas. Por volta de 11h, Maria Aparecida estava na fila da farmácia da Policlínica Oeste, localizada dentro do pronto-atendimento de Cidade da Esperança. Não era o primeiro local visitado pela dona de casa. Ela mora em Nova Natal, na Zona Norte, do outro lado da cidade. Como lá não tinha “clomipramina”, que trata distúrbios psiquiátricos, Maria Aparecida precisou se deslocar até Cidade da Esperança.
A viagem foi em vão. Dos quatro medicamentos procurados, todos de tratamento psiquiátrico, apenas um estava disponível. A ausência desse tipo de remédio, tarja preta, cuja administração é cercada de cuidados, é comum nas policlínicas da cidade. Nos postos de saúde não é permitido distribuir esse tipo de medicação. Calmantes, substâncias de combate à epilepsia, convulsões, antidepressivos, todos esses costumam estar em falta nos pontos de distribuição. Amitriptilina, um antidepressivo largamente utilizado, é quase uma lenda. Há cinco meses, data da última reportagem da TRIBUNA DO NORTE sobre o assunto, havia reclamação sobre a falta desse medicamento.
Em menor grau, mas ainda assim comum, os medicamentos de diabetes e hipertensão também costumam estar ausentes das prateleiras públicas. Na última matéria, faltava captopril, propanol, glibenclamida, insulina, entre outros. Hoje a situação melhorou um pouco, com a reportagem tendo flagrado o caminhão da Secretaria Municipal de Saúde entregando medicamentos em vários locais. Mas isso não significa que o abastecimento esteja perfeito. Ontem foi entregue captopril – utilizado para tratar a pressão alta - em todas as unidades. Propanolol, de mesma serventia, também foi encontrado. Porém, na Policlínica da Zona Norte não havia Glibenclamida. Até mesmo as seringas estavam em falta. Resultado: o paciente consegue receber a insulina, mas não recebe as seringas e não tem como aplicar o medicamento.
Os dirigentes das unidades afirmam que o abastecimento tem sido normalizado e a Prefeitura promete enviar mais medicamentos até o fim da semana. Em outros casos, é a grande demanda que dificulta o trabalho. Veja o caso de Maria Aparecida. Ela mora em Nova Natal, mas estava em Cidade da Esperança. “Acabamos atendendo muita gente de outros pontos da cidade. No fim das contas, acaba faltando para os usuários daqui das redondezas por conta disso. Mas também não podemos negar a distribuição. O sistema é universal. O usuário tem direito, independente do local”, afirma Eleázaro Carvalho, diretor da Policlínica Oeste.
Unidades permanecem sem telefone e internet
Com o corte dos telefones e internet dos postos de saúde, policlínicas e da própria secretaria municipal de Saúde, ficou difícil marcar exames e consultas. As marcações são feitas num sistema único através da internet. Há ainda alguns casos onde é o telefone o meio para marcar consultas, como no caso dos idosos. Mas com tudo isso fora do ar, os funcionários tem dois caminhos: ou improvisam ou param de marcar consultas.
Nas Policlínicas Norte e Oeste, a tábua de salvação é o improviso. Os funcionários têm levado para casa as fichas e enviado pela internet própria. Depois disso, imprimem as marcações, gastando a tinta da própria impressoa. Contudo, em Cidade Satélite, o improviso tem data certa para acabar: a funcionária responsável diz que não levará mais trabalho para casa. “Agora, só vai voltar quando a Secretaria pagar a conta”, diz.
A reportagem da TN entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, mas não conseguiu falar com os assessores, inclusive pelo celular. No setor de assistência farmacêutica, não houve resposta, até porque os telefones estão cortados. Mesmo assim, a SMS já anunciou recentemente um caminho para resolver o problema da distribuição de medicamentos. O serviço será terceirizado, conforme informou há um mês o secretário Thiago Trindade. A ideia é formar uma rede de farmácias conveniadas para o paciente pegar o seu remédio. Não há previsão para implantar a ideia, que é semelhante ao que já se faz no programa Farmácia Popular, do Governo Federal. Muitos pacientes, ao se depararem com a ausência do medicamento, recorrem à rede de farmácias conveniadas.