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quarta-feira, janeiro 05, 2011

Dono de funerária é acusado de pagar propina a enfermeiro condenado

A Polícia Civil descobriu nesta sexta-feira (30) que Geraldo Magela, sócio da funerária Rio Pax, investigada pelo falso enterro do norte-americano Osama El Atari, esteve envolvido num caso de grande repercussão há 11 anos no Rio. O americano, que está preso nos Estados Unidos, forjou a própria morte para escapar do FBI.
Em 1999, o enfermeiro Edson Isidoro Guimarães, que ficou conhecido como o “anjo da morte”, foi acusado de assassinar com injeções de veneno pessoas internadas no Hospital Salgado Filho, no Méier, subúrbio. Ele disse que recebia propina de funerárias para dar informações sobre a morte de pacientes. Edson cumpre pena em Bangu 8.
Geraldo Magela era o dono de uma das funerárias envolvidas no esquema. Na época, a polícia não conseguiu provas contra ele. O RJTV procurou Geraldo Magela, mas ele não quis falar sobre as acusações. Em depoimento, ele negou qualquer envolvimento da funerária com o esquema da falsa morte do norte-americano.
“Ele tem várias empresas do ramo funerário e pelo que a gente vê essas empresas têm sido usadas indevidamente para práticas de crime, o que é muito grave, e crimes gravíssimos. Ele tem que responder criminalmente. As atividades ilegais dele têm que ser encerradas imediatamente”, disse o delegado Robson da Costa, da Delegacia de Defraudações.
O falso atestado de óbito do norte-americano Osama El Atari, segunda a polícia, teria sido assinado pelo médico Paulo Viana. Ele foi preso com dois agentes funerários envolvidos no esquema da fraude. O trio usou documentos da funerária Rio Pax, que já é investigada pelo golpe da falsa morte do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o "Nem" da Rocinha.


Médico investigado por outras 25 mortes


A descoberta da falsa morte do norte-americano Osama El Atari no Rio pode revelar um grande esquema de venda de atestados de óbito. Segundo a Polícia Civil, o médico Paulo Alves Viana também é suspeito de falsificar outras 25 mortes.
Um livro com os registros de óbitos feitos pelo médico Paulo Viana é a principal peça da investigação da polícia. Em oito meses, o acusado registrou nestas páginas 270 óbitos. Entre eles está o norte-americano Osama El Atari, preso nos Estados Unidos por dar um golpe milionário em vários bancos.
No entanto, um fato chamou a atenção dos investigadores: dez por cento das anotações relatam mortes por problemas cardíacos, todas de pessoas com menos de 40 anos, como a de um jovem de 23 anos, que teria morrido de arritmia cardíaca, e de outro homem, de 34, com insuficiência coronariana.
Os agentes acreditam que pelo menos 25 dessas mortes não aconteceram. Osama El Atari é acusado de ter feito empréstimos bancários fraudulentos equivalentes a R$ 100 milhões. De acordo com as investigações, com o dinheiro, ele comprou mansão e carros de luxo.


Norte-americano confessa crimes


Nesta quinta-feira (29), o norte-americano Osama El Atari confessou os crimes a promotores responsáveis pelo caso. Ele será julgado em junho e pode ser condenado a até cem anos de prisão. No Rio, o médico Paulo Alves e dois agentes funerários vão responder ao processo em liberdade.
A quadrilha usou documentos da funerária Rio Pax. A polícia descobriu, ainda, que Luiz Rodrigues de Oliveira, o Luiz Maluco, intermediou o contato entre Osama e a empresa que forjou a morte. Luiz Maluco, que tinha quatro passagens pela polícia, foi assassinado um mês depois do falso óbito do americano.


Fraude


O delegado Robson da Costa Ferreira disse que ouviu o dono da funerária, que alegou ser vítima de pessoas que usam documentos da funerária indevidamente. Mesmo assim, a empresa será investigada. Os agentes desconfiam, ainda, que a morte de Luis Maluco também esteja relacionada à fraude:
“Através da Interpol, a gente está entrando em contato com o FBI para interrogar Osama nos Estados Unidos e pode ser que através dele a gente consiga descobrir os demais elementos dessa quadrilha aqui no Brasil. A gente quer saber essa aproximação. Por que ele escolheu o Brasil para praticar essa fraude e se outras pessoas já escolheram o Brasil para a mesma prática”, disse o delegado Robson da Costa e Silva.
Luis Maluco trabalharia no Hospital Estadual Albert Schweitzer, mas, segundo o delegado, ele já morreu ou forjou a própria morte. O médico e os dois primeiros agentes funerários estavam presos temporariamente, mas foram soltos no sábado (24). O delegado informou que, ao término da investigação, a polícia vai pedir a prisão preventiva dos três.