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segunda-feira, outubro 11, 2010

Casos de virose lotam postos de saúde e emergências


Segundo os médicos uma pequena mudança no clima já é suficiente para o aumento de doenças respiratórias.

Ainda não chegou o período chuvoso na Capital, entretanto os postos de saúde e as emergências dos hospitais já estão lotados e a maioria dos casos tem o mesmo diagnóstico: virose. Para se ter uma ideia da situação, somente no Frotinha de Messejana são realizados 300 atendimentos diários de pacientes com problemas respiratórios.
Se comparado a dezembro do ano passado, quando foram realizados em média 150 atendimentos, pode-se constatar que o número de casos dobrou.
De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologista e Recursos Hídricos (Funceme), a quadra chuvosa começa em fevereiro e segue até maio. Segundo a meteorologista Glaucia Barbieri, janeiro é considerado um mês de pré-estação, época em que os ventos dimunuem e a sensação térmica aumenta, podendo também ocorrer chuvas rápidas na madrugada e no período da manhã.
Para a pediatra Patrícia Sampaio, coordenadora da Emergência do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), essa mudança climática já é suficiente para aumentar os casos de virose e outras doenças respiratórias. Em janeiro do ano passado, a unidade realizou 914 atendimentos em pacientes com doenças respiratórias, destes, 514 casos eram de virose. Este ano, somente nos oito primeiros dias do mês já foram 175 crianças atendidas apresentando os sintomas da doença.
A dona-de-casa Ana Paula Ferreira, esperava por atendimento para os dois filhos pequenos no HIAS. Os meninos estavam com dores de cabeça, febre e vômito. Segundo ela, por duas vezes havia tentado assistência na unidade, mas devido a superlotação teve que voltar para casa. A mulher conta que chegou a ir a um posto de saúde próximo a sua casa, no Bairro Vila União, mas o médico só passou remédio para febre e não pediu nenhum exame. De acordo com a coordenadora da Emergência do HIAS, a superlotação é comum na unidade e está associada a dificuldade de atendimento nos postos de saúde. “As unidades básicas de saúde não atendem a grande demanda e encaminham para os hospitais secundários que deveriam cuidar dos casos de emergência”, frisa.
Superlotação

Diante do aumento no número de casos de virose, os hospitais secundários estão enfrentando problemas no atendimento. No Frotinha de Messejana são realizados 900 atendimentos diários, desde grandes traumas até gripe. Mas, este mês, segundo a enfermeira Dalvani Bastos, coordenadora da Classificação de Risco na unidade, o número de casos de doenças respiratórias está acima do normal.
Para piorar ainda mais a situação, o hospital só conta com dois clínicos gerais e dois pediatras em casa período do dia. Os médicos se revezam entre os atendimentos nos ambulatórios e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cuidando dos casos mais graves.
O cortador de castanha, Francisco de Assis da Silva conta que chegou ao hospital por volta das 7 horas com o filho de 12 anos a procura por atendimento e após cinco horas de espera, o menino ainda não havia sequer sido medicado. Há três dias a criança não come direito e apresenta sintomas como febre, tosse, dores no corpo e diarreia.
Silva disse que tentou atendimento em postos de saúde, mas diante do quadro do filho foi encaminhado para o Frotinha de Messejana. “Meu filho está sentado em um banco duro a horas em jejum sentindo dores à espera por atendimento, isso é um desrespeito ao ser humano”, reclamou o pai aflito.
Atendimento
Município promete convocar 126 médicos

De acordo com o secretário interino de Saúde do Município, Reginaldo Alves, para reverter o quadro de falta de médicos, serão convocados ainda no primeiro semestre 126 médicos que passaram no concurso realizado pela prefeitura de Fortaleza no ano passado. Ainda segundo ele, a demora na contratação dos médicos é devido a necessidade da aprovação dos novos cargos pela Câmara Municipal.
Ele ressalta que ainda este ano serão criados 350 novos cargos de médicos para hospitais de atendimento secundários e terciários.
Enquanto o Município não faz a convocação, a população sofre com a demora no atendimento. O motoboy Carlos Matias estava há dois com fortes dores abdominais, febre a vômito. Na manhã de ontem, procurou atendimento no Centro de Saúde da Família de Messejana, mas quando chegou na unidade soube que só poderia ser atendido com hora marcada. Ele foi obrigado a pegar um ônibus até o Frotinha de Messejana.
O motoboy é um entre centenas de pacientes que procuram as unidades básicas de saúde, devido ao aumento no número de casos de virose e sem atendimento precisam ir até um hospital secundários.

Karla Camila
Repórter
Foto 1: Pacientes enfrentam maratona de horas para receber atendimento médico.
Foto2:Espera angustiada: somente nos oito primeiros dias deste mês, o Hospital Infantil Albert Sabin atendeu 175 crianças apresentando sintomas de virose, como febre e dores de cabeça, ou problemas respiratórios JOSÉ LEOMAR.