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terça-feira, outubro 12, 2010

Hospitais e postos de saúde da capital estão sem médicos

Publicada: 07/09/2010
Texto: Moema Lopes / Foto: Maria Odilia

Os sergipanos que precisaram de atendimento médico nas unidades de saúde e hospitais de Aracaju no dia de ontem foram penalizados. “Estou com uma dor na perna, fui ao Hospital Municipal Fernando Franco, no Augusto Franco, e disseram que não tinha médico. Só havia um pediatra. De lá, segui para o Posto Sinhazinha, na Adélia Franco, e disseram que uma médica estava de férias e a outra doente. Só achei médico no Nestor Piva, mas lá estava lotado”, reclamou o aposentado Luiz Antônio Souza Santos, de 71 anos de idade.


A dona de casa Ana Maria dos Santos, de 51 anos de idade, também peregrinou no dia de ontem para conseguir atendimento médico. “Já vim encaminhada da unidade de saúde do Augusto Franco para cá. E quando chego aqui tenho que esperar não sei quantas horas”, disse ela, referindo-se ao Hospital Municipal Nestor Piva, localizado na avenida Maranhão. “Aqui disseram que tem dois médicos para atender a gente. Só que já estou esperando desde às 13h30, já são quase 16 horas e até agora nada”, ressaltou.


Além da falta de médicos e do sofrimento, aguardando mais de horas para serem atendidos, alguns pacientes ainda reclamaram do mau atendimento no Nestor Piva. “Estou com um derrame ocular e a enfermeira disse que se eu perder a visão não morro não, que posso esperar porque tem outras pessoas piores do que eu”, reclamou o representante comercial Geraldo Porto, de 60 anos de idade. Ele informou ainda que chegou ao Nestor Piva por volta das 11h30 e que o primeiro médico que prestou atendimento no dia de ontem só chegou à unidade às 15 horas.


“Aqui falta tudo, prefeito, governador, quem dirá médico”, desabafou. A dona de casa Maria das Dores Santos Dantas, de 47 anos de idade, fez questão de chamar a reportagem do JORNAL DA CIDADE para falar de sua situação. “Cheguei aqui às 14 horas, morrendo de dor nas pernas e nas costas, já vai dar 16 horas e ainda não fui atendida. A saúde de nosso Estado está cada vez pior. Sou diabética, tenho pressão alta e chego em uma urgência para sofrer mais desse jeito”, disse.


De acordo com o cobrador de ônibus Raimundo Pinheiro Pereira, de 48 anos de idade, o mau atendimento e a falta de médicos nos hospitais municipais e unidades de saúde de Aracaju são problemas diários. “Isso não é só hoje não. É todo dia. Os nossos governantes não dão valor à Saúde, à Educação e outras coisas que são básicas para o povo viver bem. Só querem saber de cobrar impostos”, reclamou.


Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe, José Menezes, não é médico que está faltando em Sergipe. “Só falta médico nas redes públicas”, disse. Segundo ele, no Conselho Regional de Medicina de Sergipe (CRM) tem 3.300 profissionais cadastrados. “O suficiente para atender a população sergipana. Mas o problema está nos gestores, que não oferecerem condições de trabalho e não querem pagar o que a categoria reivindica”, observou.


Somente na rede municipal de Saúde, de acordo com Menezes, o déficit é de 87 médicos para preencher as vagas. “Conseguiram contratar 64, mas eles ainda vão assumir. Mesmo assim, ainda fica um déficit de 23 médicos. Já na rede estadual, nem sei dizer quantos faltam porque os gestores não dizem”, afirmou. Os médicos, segundo ele, formam-se em Sergipe, mas quando aparecem propostas para fazer residência em outros Estados eles aproveitam a oportunidade.


“Eles querem plano de cargos e salários. Mas nessa política dos gestores públicos não vão conseguir. Não adianta nem construírem prédios públicos de saúde porque vão ficar vazios”, acrescentou.