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domingo, outubro 24, 2010

Família de falecido aguarda laudo do IML há 5 meses em Arapiraca

Alemtemporeal

Familiares do embalador de doces José Cláudio Batista da Silva (19), que faleceu no último mês de janeiro, vítima de morte natural dentro de sua residência em Arapiraca, estão revoltados com a burocracia existente entre o Instituto Médico Legal (IML) local e o Laboratório de Análises Forenses e Medicina Legal de Salvador/BA.

Segundo eles, todo o material colhido do corpo de José Cláudio durante a autópsia foi enviado para ser analisado na capital baiana, por conta do Estado de Alagoas não ter um laboratório estruturado para emitir laudos sobre alguns tipos de mortes.

Até alguns meses atrás, familiares de José Cláudio iam quase que diariamente ao IML de Arapiraca em busca do laudo, mas a resposta que recebiam era sempre a mesma, ou seja, eram aconselhados a aguardar. "Reconheço que o IML de Arapiraca não tem como agilizar o caso, pois ele está como nós - engessado - e depende que o laboratório baiano agilize a liberação do laudo", lamentou Alaelson Batista da Silva, irmão da vítima.

A estranha morte de José Cláudio ocorreu no dia 10 de janeiro deste ano. O embalador, que era evangélico, chegou da igreja no início da noite, tomou um banho, jantou e ficou conversando com alguns familiares em casa. Minutos depois José Cláudio se recolheu em seu quarto, onde, sempre antes de dormir, orava e depois voltava até a sala para pedir a benção para sua mãe.

Naquela noite todos estranharam que o rapaz fechou a porta de seu quarto e não mais saiu para falar com a mãe. Os minutos se passaram e a mãe de José Cláudio ouviu o som de um ronco estranho que vinha de dentro do quarto. Estranhando o barulho, que não era comum por parte do rapaz, minutos depois a mãe abriu a porta e viu o filho deitado de bruços sobre a cama sem respiração e pulsação cardíaca.

Desesperada, a mãe do rapaz chamou os familiares que ainda socorreram José Cláudio, o levando para a Unidade de Emergência Doutor Daniel Houly, mais conhecida como UE do Agreste. Apesar da correria, ao chegar naquela unidade de saúde os médicos informaram que o rapaz já se encontrava em óbito.

Na mesma noite, o corpo de José Cláudio foi levado para o Instituto Médico Legal de Arapiraca (IML), que realizou a autópsia rotineira e, pelo fato de se tratar de uma morte natural, onde a vítima não apresentava sintomas, os legistas colheram um material do corpo e enviaram para o laboratório baiano, que até o momento não deu qualquer resposta sobre a análise.


Funcionária do IML diz que caso não é o único


Uma funcionária do IML de Arapiraca, que não quis se identificar, disse que o caso de José Cláudio não é o único, muito menos o mais demorado. Segundo ela, a demora na emissão de laudos por parte do laboratório baiano já se tornou uma praxe. "Aqui temos vários casos semelhantes. Em alguns deles o laudo vem sendo aguardado por mais de um ano", disse a funcionária.

Luciano Correia de Lima, um amigo da família de José Cláudio, lamenta a demora na emissão do laudo e, principalmente, a falta de investimentos do Estado de Alagoas no setor. "É certo que a demora se dá por conta da morosidade do laboratório baiano, mas nada disso estaria acontecendo se o nosso Estado dispusesse de um laboratório equipado para analisar casos como este, sem precisar pedir favor a ninguém", disse Luciano.

Ainda de acordo com Luciano, todos os amigos e familiares de José Cláudio estão apreensivos para saber sobre o real motivo que o levou a morte. "Ele não bebia, não fumava ou usava drogas. Era uma pessoa absolutamente normal. Queremos saber o que levou o meu amigo perder a vida", cobrou o amigo da família.

O Estado de Alagoas, com 102 municípios e quase 3 milhões de habitantes, conta apenas com dois Institutos Médicos Legais, sendo um instalado na capital e outro em Arapiraca, sendo este último responsável por 53 municípios das regiões Agreste, Sertão e Baixo São Francisco.


Data: 07/05/2008