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segunda-feira, outubro 25, 2010

Falta de profissionais no IML atrasa investigações.

Demora na conclusão de inquéritos e investigações policiais, muitas vezes, é consequência do grande tempo de espera por um laudo do Instituto de Criminalística do Paraná ou do Instituto Médico-Legal (IML). A morosidade no sistema paranaense tem sido decorrência, principalmente, da falta de pessoal para realizar a grande demanda por serviço.
Cálculos apontam que a Polícia Científica do Paraná deveria ter pelo menos mais 400 profissionais em todo o Estado para conseguir fazer todas as atividades adequadamente. Só em Curitiba seria necessário quase o dobro dos profissionais atuais para fazer o trabalho. Além da capital, o problema se concentra na região norte e noroeste do Estado (ver quadro), mas se repete por todo o território paranaense.
Enquanto isso, os cerca de 200 aprovados no concurso público da Polícia Científica, realizado em 2007, continuam aguardando serem chamados pelo governo estadual. Até agora, nenhum profissional foi nomeado e, mesmo dentro do governo, não há certeza de quando isso deve acontecer. Como o número de profissionais na ativa em todo o Estado está defasado, o quadro só tende a piorar nos próximos meses, com os pedidos iminentes de aposentadoria.
No início de abril, o interventor do IML, coronel Almir Porcides, chegou a declarar à reportagem de O Estado que "provavelmente até o começo de maio" os aprovados no concurso já estariam trabalhando. Dois meses depois, nada mudou. Questionada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que a nomeação dos aprovados depende apenas da sanção do governador, Roberto Requião, e a Casa Civil não soube precisar quando isso vai acontecer.
Cansados da demora e de respostas vagas por parte da Sesp, candidatos aprovados reuniram todas as informações referentes ao processo e distribuíram os documentos para órgãos como Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público Estadual (MPE) e deputados estaduais. "A gente interrompe nossa vida por dois anos pela espera de ser chamado no concurso e ainda ficam brincando com isso", afirma a aprovada Denise Carneiro.
O concurso da Polícia Científica, o primeiro depois de quase 15 anos, foi realizado junto com o quadro para reposição da Polícia Civil, que já formou duas turmas de policiais e está prestes a iniciar uma terceira. "Tem muita gente que abandonou outros projetos, mudou de cidade e aguarda uma resposta sobre o concurso", reivindica Eduardo Rodrigues Cabrera, outro aprovado.
Na semana passada, depois de receber a documentação na Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado estadual Ney Leprevost (PP) levantou a questão em plenário e cobrou explicações do líder do governo na Casa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que ficou de levar uma resposta sobre o concurso ainda nesta semana.

Transtornos já foram noticiados

Não faltaram notícias divulgadas nos últimos meses por O Estado que demonstram os transtornos causados pela falta de profissionais na Polícia Científica do Paraná. Conforme divulgado no jornal em setembro do ano passado, sem auxiliares, os peritos fazem de tudo: dirigem a viatura, fotografam os casos e apuram as informações.
Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, o fechamento do IML já foi cogitado por conta da falta de equipamentos e de profissionais da área técnica, em julho do ano passado. Meses depois, a situação se agravou. "O órgão, que atende pelo menos 30 municípios, com uma população total de cerca de 700 mil habitantes, tem apenas três profissionais fixos", noticiou O Estado em janeiro deste ano.
A mesma reportagem informava ainda que o IML daquele município faz de 70 a 80 autópsias e cerca de 400 exames de lesão corporal todo mês. Para tentar contornar a situação, no início do ano a prefeitura cedeu um médico para ajudar no trabalho. Medida semelhante foi adotada em Pato Branco, no sudoeste do Estado, com a prefeitura custeando a contratação de um perito criminal.
No caso da estudante Rafaeli Ramos Lima, assassinada em 13 de julho de 2008 em uma desastrosa operação policial em Porto Amazonas, também nos Campos Gerais, o laudo de confronto balístico só foi concluído cinco meses depois do encerramento do processo. Na época, a delegada Valéria Padovani criticou o funcionamento do Instituto de Criminalística de Ponta Grossa, responsável pelo trabalho.
Em abril foi a vez da demora em obter a liberação do corpo do IML a notícia atrelada à falta de profissionais.
Fonte: Paraná-Online (05/07/2009)